Indubitavelmente, parece altamente paradoxal afirmar que o Tempo é irreal, e que todas as declarações que envolvem sua realidade são errôneas. Tal afirmação envolve uma partida muito maior da posição natural da humanidade do que aquela que está envolvida na afirmação da irrealidade do Espaço ou da irrealidade da Matéria. Uma ruptura tão decisiva com a posição natural não é para ser aceita levianamente. E ainda assim em todas as eras a crença na irrealidade do tempo tem se provado singularmente atrativa. Na filosofia e religião do Oriente essa doutrina é de importância cardeal. E no Ocidente, onde a filosofia e a religião estão menos intimamente conec-tadas, a mesma doutrina continuamente recorre, tanto entre filósofos como entre teólogos. A teologia nunca se mantém afastada do misticismo por um longo período, e quase todo misticismo nega a realidade do tempo. Na filosofia, novamente, o tempo é tratado como irreal por Spinoza, por Kant, por Hegel e Schopenhauer. Na filosofia do dia presente, os dois movimentos mais importantes (excluindo aqueles que são meramente críticos) são os que olham para Hegel e para o Sr. Bradley. E ambas essas escolas negam a realidade do 1
CITATION STYLE
McTaggart, J., McTaggart, E., & Santos, C. S. dos. (2014). A irrealidade do tempo. Kriterion: Revista de Filosofia, 55(130), 747–764. https://doi.org/10.1590/s0100-512x2014000200017
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.